quarta-feira, janeiro 05, 2011

Memórias do IV Centenário.



Há uma polêmica em torno do símbolo do IV Centenário, que aparece nas imagens do projeto do parque nos anos 50. A espiral com um eixo inclinado em 60 graus foi criada por Oscar Niemeyer e apareceu nos comunicados oficiais e propagandas dos 400 anos de São Paulo. Niemeyer afirma que fez o desenho, mas que, em concreto, ele nunca foi erguido. A espiral foi erguida sim, mas ao desafiar as leis da física não conseguiu se manter em pé e se desfez poucos dias depois. A obra foi erguida pelo engenheiro Zenon Lotufo, mas não teve base de sustentação forte o bastante.
O simbolo do quarto centenario.
(fonte revista veja)











Lembranças do grande evento eram vendidos nas lojas da cidade,
esse prato de porcelana era encontrado na loja do Mappin. ou selos vendidos nos correios





Quando vejo o dístico do IV Centenário colocado nos jornais ou revistas antigas ou mesmo nas de hoje, lembro dos meus 15 anos de idade quando São Paulo estava em festas.
Dois anos antes já esfregávamos as mãos esperando os 400 anos da cidade, pois sabíamos que teríamos grandes festas que as emissoras de radio e os jornais anunciavam. A televisão estava engatinhando e poucas pessoas possuíam.
Em 1952, estávamos em contagem regressiva, São Paulo está no seu “tricentésimo nonagésimo oitavo ano de fundação, e toda a infra estrutura estava sendo preparada. As grandes obras seriam no Parque do Ibirapuera um enorme matagal sem uso, podíamos até dizer um super terreno baldio com um enorme lago onde os meninos das redondezas iam nadar, e uma estradinha estreita e asfaltada saia da Avenida Brasil a caminho da Vila Mariana acabando na Rua França Pinto onde já estava o instituto Biológico que está lá até hoje. Antes de chegar ao instituto Biológico tinha um maravilhoso campo de futebol com belo gramado onde a Portuguesa de Desportos treinava durante a semana. Eu morava na Vila Olímpia e andava por lá de bicicleta, e via os prédios do parque do Ibirapuera sendo erguido.
Era comum ver por lá o governador Lucas Nogueira Garcez e o prefeito Jânio Quadros por lá vistoriando as obras já bastante avançadas. Aqui vai ser o museu tal, ali o prédio da Bienal, a casa Japonesa, e mais ao fundo na Rua IV Centenário bem na frente do portão cinco estava a fabrica de Cera Parquetina, (“a amiga da Etelvina”) pouco antes de chegar a aquele portão e, a construção já estava em faze final o enorme Armazém onde seriam realizadas as grandes feiras como a FENITE, feira da indústria têxtil, a primeira tendo a feira da mecânica nacional como a segunda. Depois veio o salão da criança e do automóvel. Enfim cada prédio em construção já tinha sua denominação.
Pavilhões do projeto original - Muitos dos pavilhões que estavam no projeto original do Parque do Ibirapuera, como o Pavilhão da Venezuela, da Vemag e da Coca-Cola, foram construídos somente para a exposição do IV Centenário. Como o planejado desde o princípio, logo foram removidos.

Perto do portão nove, onde iniciava a Avenida Indianópolis (Republica do Líbano) quem entrava já dava de frente o lago onde estava sendo construído o Pier, de onde sairiam os barcos do restaurante fluvial, como era chamado e que estava à beira do lago.


Seguindo mais a frente vinha a grande marquise fazendo curvas uma das grandes obras do arquiteto Oscar Niemeyer, responsável pelo desenho de todas as edificações do Parque. Eram muitas obras de uma só vez.








Em 1953 já estávamos no “tricentésimo nonagésimo nono ano, e quem passava pela Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, onde se iniciava a Avenida Brasil formando um T, estava sendo erguido o Monumento as Bandeiras a grande obra de Victor Brecheret.
E, mais adiante o mausoléu em homenagem aos heróis da revolução constitucionalista de 1932, obra do artista e arquiteto italiano Galileu Emendabile, que estava sendo construído em blocos nos barracões dentro de parque.



E quando o ano de 1953 estava se despedindo e, entrava o mês de Janeiro de 1954, tudo era alegria e esperávamos somente o dia 25 de janeiro uma terça feira ensolarada, o povo comparecia em massa, ao parque do Ibirapuera construido no espaço de dois anos para as festividades do aniversario dos 400 anos. Ele ainda não estava terminado em seu todo e a inauguração só ocorreu no mês de Agosto, quando o parque foi inaugurado num sábado dia 21, três dias antes do suicídio de Getulio Vargas.












Mas naquele dia 25 de Janeiro estourou as grandes festas. O Vale do Anhangabaú chamado de o Vale do Povo não havia lugar para mais ninguém para ver a chuva de Prata (triângulos prateados) foto que o industrial Baby Pignatari, mandou seu avião jogar no centro da cidade e, esta até hoje na retina de quem ainda está vivo.

Na estrada da Boiada (Diógenes Ribeiro de Lima) local que ficou como o por do sol. Foi realizado um show pirotécnico por vários minutos, um dos maiores na cidade e, muitos fogos de artifício espocavam no céu, e por vários segundos uma sequência de fogos mostrava a bandeira brasileira com suas cores visíveis.

Foi nesse ano que entrei para a escola SENAI Roberto Simonsen, Rua Monsenhor Andrade, Brás, em que ficava na janelinha do ônibus vendo as maravilhas que a cidade tinha a mostra que infelizmente hoje não existem mais. Do Anhangabaú até a Praça da Sé, passando pela Galeria Prestes Maia, já com suas escadas rolantes, e saindo na Praça do Patriarca, à esquerda a igreja de Santo Antonio, era uma São Paulo “ainda pequena”, em relação à cidade de hoje e com muitas coisas a ver.
Na Praça da Sé a Catedral ainda em construção, ainda sem as torres laterais. Era uma praça alegre com muitos engraxates, muitos pés de coqueiros bem altos um mictório publico, vários vendedores ambulante e muitos punguistas escroques e estelionatários que davam nó em pingo d água.
Entrando pela Avenida Rangel Pestana indo em frente vamos descortinando o bairro do Brás mais a frente. Estou no bonde parecendo àquele caipira recém chegado a cidade grande. Quando ele esta passando em cima do Rio Tamanduateí, o grande “caldeirão” do Gasômetro aonde mães iam levar seus filhos aspirar ao Gás para curar a bronquite ou sinusite.
Já à esquerda se via o imponente edifício das indústrias onde estava instalada a assembléia legislativa, o bonde seguia rumo ao Brás, e, a direita estava um quartel do exercito.
Quando o bonde chaga a Rua Vasco da Gama entra à esquerda e vai desembocar na Rua do Gasômetro, e no primeiro ponto lá, era onde eu tinha que descer e sempre descendo com o bonde andando, em frente à Rua Monsenhor Andrade. Para falar a verdade o Bonde deixou saudade, principalmente o bonde aberto, onde o cobrador geralmente um português, cobrava duas passagens e a gente ouvia só um tilintar da cordinha puxada. Como diziam os Italianos, um per ti´, e due per mi.
Atravessando a Rua do Gasômetro estávamos na já praticamente na calçada da escola, era mais um dia de aula. A escola Roberto Simonsen também participava das homenagens ao aniversario da cidade, no nosso teatro muitos textos falavam das coisas da cidade.

Estávamos na metade do ano e os eventos continuavam, o próprio SENAI promoveu uma excursão dos alunos ao parque do Ibirapuera, já inaugurado e que era a coqueluche da cidade por causa da mídia que dava noticia a respeito comparando-o futuramente ao Central Parque de Nova York. Vários ônibus levavam os alunos a maioria da zona leste ou norte, e muito pouco da zona Sul. Cada aluno recebia vários tickets para entrar em vários brinquedos do Parque Sangrilá, um parque de empresa privada que foi contratado para as festividades da cidade. Muitos brinquedos a nossa disposição. Os carros elétricos bate-bate, Carrossel, Roda Gigante, barracas de tiros, com espingarda de rolha ou chumbinho, mas o que nos mais gostávamos e ia era no Tapete Mágico, A gente subia por uma escada a mais ou menos 10 metros de altura e vinha no tapete por uma canaleta da largura do corpo. Era bem encerado o que dava uma grande velocidade, até cair na concha rasa também encerada onde a velocidade era amortecida

No mês de junho no estádio do Pacaembu, foi feito uma das mais bonitas e sugestivas festas organizada pelos Circenses de São Paulo, tudo o que o circo tinha de bom e bonito estava dentro do gramado e na pista de atletismo do estádio no dia 11 de junho de 1954, que estava lotado de pais e filhos todos boquiabertos com uma festa linda.
Era a segunda vez que eu entrava no Pacaembu. No grande palco que era o estádio, estavam: Trapezistas, o Globo da Morte, Bailarinos e Bailarinas na ponta dos pés. Nos intervalos os Palhaços entravam mostrando suas habilidades, não deixando a peteca cair. A boca da garotada quase se rasgava de tanto riso era uma felicidade geral naquele domingo de inverno ensolarado. Para mim a única coisa que tirava pouco a alegria era o placar da Concha Acústica que mostrava Corinthians 1 X Palmeiras 0, gol de Claudio no primeiro tempo em que Rodrigues do Palmeiras chutou um pênalti na trave no sábado dia 10 de julho, pelo torneio Rio São Paulo.

S C Corinthians Paulista, o grande campeão do IV Centenário
O que faltava para completar a grande festa, do IV centenário, era a inauguração do Parque do Ibirapuera. Que estava coma as obras bastante atrasadas no inicio do ano.

Na inauguração do parque Ibirapuera estavam presentes o governador Garcez (de chapéu) e a sua direita o prefeito Jânio Quadros, presentes também autoridades civis, militares e eclesiásticas.
Mas, quando chegou o dia 21 de Agosto, um sábado eu minha mãe e meus irmãos, junto com a tia Deolinda (Dióla) e sua filha Luisinha estavamos entrando pelo portão nove para assistir a grande festa de inauguração, Quando estávamos passando a beira do lago, uma moça estudante universitária com uma prancheta estava fazendo um abaixo assinado para a renuncia do presidente da republica Getulio Vargas. E aproximou-se de minha mãe dizendo: Senhora quer assinar para a renuncia de Getulio?

A resposta foi forte. Quem é você, sua fedelha, para pedir isso para mim. – Mas a senhora não precisa assinar disse a moça. - Sai da minha frente sua idiota!

Foi preciso a Deolinda interferir para a moça não ser agredida.
Três dias depois veio à grande tristeza para empanar a nossa grande festa. O suicídio do presidente Getulio Vargas. Daí para frente o ano de 1954 foi até o seu final e as festas do IV centenário entrou no ano de 1955, até o dia 25 de janeiro quando a cidade fez 401 anos. E no mês seguinte aconteceu aquilo que eu menos queria. Corinthians Campeão do IV Centenário. E com muita justiça. Diga-se a bem da verdade.


Viveiro Manequinho Lopes - No início do século XX, um senhor de longas barbas andava pela cidade com um guarda-chuva, cutucando a terra de jardins para testar a qualidade do plantio. Foi com tal dedicação que Manoel Lopes de Oliveira Filho se tornou o Manequinho Lopes, que dá nome ao viveiro do Ibirapuera. Você pode adquirir uma muda de arvore para plantar em frente sua casa.

São Paulo Quatrocentão -
Musica autoria de Garoto, Chiquinho do Acordeon e Avaré.
Cantado pela estrela de São Paulo. Hebe Camargo


Oh, São Paulo! Oh, meu São Paulo! / São Paulo Quatrocentão / Oh, São Paulo! Oh, meu São Paulo! / Você é o meu torrão / Oh, São Paulo ! / Oh, meu São Paulo! / São Paulo das tradições / Oh, São Paulo, o seu nome / Vive em todos os corações
Você é lindo, é / É a terra do melhor café, / Seu grande centro industrial / Representa o esteio nacional / Você é varonil / Orgulho deste meu Brasil / Oh, meu São Paulo / Você é forte, é colossal
Quem é que não vai visitar / Meu São Paulo no Quarto Centenário, / Quem é que não vai enviar / Parabéns pelo seu aniversário, / Quem é que não sente emoção / Ao saber que também vai participar / Da festa do meu São Paulo / Que pra sempre hei de adorar.























































































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