O grupo "banda do Luar" , nome do conjunto de onde surgiu o conjunto, Demonios da Garoa.
Os Demônios da Garoa passaram por muitas mudanças de componentes, sempre com a preocupação de preservar o estilo original do conjunto. No início da carreira, eles tinham um sucesso estrondoso, incompatível com a remuneração que recebiam, o que os obrigava a ter seus empregos fixos no horário comercial, e ainda conseguirem conciliar as apresentações à noite a aos finais de semana, motivo pelo qual muitos integrantes decidiram deixar o conjunto.
Uma das primeiras formações, ainda nos inicio dos anos 1940
O tempo foi passando, e as mudanças continuaram: uns por problemas de saúde, outros porque decidiram se aposentar ou abandonar a carreira de músico, ou ainda, os que nos deixaram alheios a sua vontade, como é o caso do meu pai Arnaldo, falecido em 2000, e do Antoninho, falecido em 2002. Depoimento de Sergio Rosa. Filho de Arnaldo e pai de Ricardo Cassimiro Rosa.
Naquela época, havia um grupo formado por seis garotos entre 12 e 14 anos, que gostavam de tocar os grandes sucessos, imitando os grupos famosos de sua época. Os amigos Waldemar Pezuol, Zezinho, Bruno Michelucci e os irmãos Antônio e Benedito Espanha, se reuniam todas as noites na casa do crooner Arnaldo Rosa, para tocar e ensaiar as apresentações que faziam em festinhas de amigos, serenatas e clubes dos bairros paulistanos da Mooca, Brás e Belém, com o nome de Grupo do Luar. Este grupo foi ficando famoso e o convite para as apresentações não paravam de chegar, mas em troca de toda a alegria e o sucesso que faziam, recebiam apenas aplausos.
Incentivados por parentes e amigos, Arnaldo Rosa decidiu inscrever o então Grupo do Luar para participar do Programa de Calouros "A Hora da Bomba", comandado por J. Antônio D'Avila, na esperança de alcançar o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. O então Grupo do Luar, se apresentou pela primeira vez no Programa de Calouros "A Hora da Bomba", interpretaram a música “Quem Se Aluga, São Miguel”, e conquistaram o primeiro lugar, recebendo como prêmio o tão sonhado contrato com as Emissoras Unidas (Record, Bandeirantes, Pan-Americana e São Paulo), onde teriam a possibilidade de realizar três apresentações semanais. Estava dado aí o passo inicial para uma carreira repleta de sucessos e surpresas... Nas Emissoras Unidas conheceram o famoso jornalista e radialista Vicente Leporace, apresentador do Programa, que não simpatizava muito com o nome daqueles talentosos meninos, pois achava que a palavra “Grupo“ dava ênfase ao “jogo do bicho“. Sugeriu aos meninos a troca do nome do conjunto e para isso, lançou em seu programa um concurso que convidava os ouvintes a enviarem-lhe cartas sugerindo um novo nome àqueles endiabrados meninos da Terra da Garoa. Dentre centenas de cartas que chegaram, a sugestão mais interessante foi Demônios da Garoa, e aqui a justificativa: Vicente Leporace sempre os anunciava como os endiabrados rapazes da “Terra da Garoa”. Com novo nome, os talentosos rapazes iniciaram sua brilhante e duradoura carreira, que conquistaria seu fiel público composto por fãs sem distinção de idade, classe social ou nivel cultural com suas famosas diabruras musicais, muita delas consideradas “patrimônio” da nossa cultura e marco indiscutível na nossa Música Popular Brasileira. No final de 1943, os Demônios da Garoa passaram pela primeira mudança de componentes, recebendo Antônio Gomes Neto (Toninho) , Artur Bernardo e Paulo Gallo, vindos da „Banda do Luar“, grupo surgido no Cambuci, em substituição a Waldemar Pezuol, Vicente (que entrou no lugar de Waldemar, mas também deixou o grupo meses depois) e Zezinho. Em 1947 ingressa Cláudio Rosa, irmão de Arnaldo que abandonou a carreira de musico ao final dos anos 1960.
Esta é a formação do conjunto no inicio dos anos 1950-Da esquerda para a direita- Antonio Gomes Neto(Toninho),violão- Caludio Rosa(pandeiro), Arnaldo Rosa(afouxé), Francisco Paulo(percussão) e Artur Bernado(violão).
Tambem fizeram parte do conjunto. Ventura Ramires, Osvaldo da Cuíca, Ivan Pires Augusto, Sergio Rosa e Simbad. Gravaram muitas musicas da Adoniran Barbosa em parceria com Osvaldo Molles criador do programa da Radio Record Historias das malocas, no anos 1950. Dessa parceria surgiu as musicas vencedoras dos carnavais de 1951 e 1952, Malvina e Joga a Chave. Depois vieram grandes sucessos, como: Saudosa maloca, Samba do Arnesto, Samba do Bixiga, Iracema, e Trem das Onze, que roubou a cena do carnaval carioca em 1965, quando nos intervalos da orquestras os cariocas cantaram a musica de Adoniram, e o maestro incorporou na pauta, e era pedida a todo momento pelos foliões cariocas, sendo considerado como a musica mais tocada daquele carnaval..
Na verdade, em 1943, os Demônios da Garoa conheceram Adoniran Barbosa, devido às apresentações que realizavam nas Emissoras Unidas. Os encontros aconteciam nos auditórios da Record e nos corredores da Rádio Nacional. Naquela época, o compositor Adoniran Barbosa compunha e cantava suas próprias músicas, com português impecável, mas aqueles endiabrados adolescentes ficavam nos corredores da Rádio Nacional cantando as músicas de
Adoniran Barbosa adaptadas ao seu estilo “gaiato”. Meu pai, Arnaldo Rosa, dizia que Adoniran Barbosa não gostava deste estilo e reclamava dizendo que eles estavam “estragando” suas músicas. Começaram a trabalhar juntos em 1946, onde dividiam vários palcos nos programas: “Alegria dos Bairros” (apresentados nas manhãs de domingo por Randal Juliano) e "PR Gessy", na Record. Viajavam com a caravana do programa "Aqui Está a Record", que levavam os astros da "Maior" às cidades do interior paulista, pois naquela época não existia televisão, e esta era uma grande oportunidade de levar ao contato do público, os famosos artistas do rádio. Este programa promovia jogos de futebol entre os artistas e apresentadores da Rádio Record, e enquanto os Demônios da Garoa e Adoniran Barbosa aguardavam sua vez de jogar, formavam uma bandinha e ficavam cantarolando para animar as torcidas dos jogos de futebol. Somente em 1952, os Demônios da Garoa receberam o convite para participar da gravação da Trilha Sonora do longa-metragem “O Cangaceiro” de Lima Barreto (filme mais famoso da Vera Cruz, que ganhou o prêmio de “Melhor Filme de Aventura no Festival de Cannes em 1953”), interpretando “Mulhé Rendeira” de Zé do Norte, ao lado de Homero Marques, sucesso que propiciou ao conjunto o respeito profissional e internacional, e Adoniran Barbosa era o ator principal do filme. Na década de 50, os Demônios da Garoa começaram a interpertar os sambas de Adoniran Barbosa, utilizando seu estilo gaiato, e através de sua irreverência conquistaram vários prêmios com as músicas de Adoniran, parceria que deu certo e durou 23 anos. A partir daí, Adoniran passou a incorporar o estilo “ gaiato“ dos Demônios da Garoa em suas composições.
Hoje, o conjunto está de “cara nova”, dando continuidade aos trabalhos iniciados pelo meu pai, tentando se adequar aos novos tempos, com instrumentos mais modernos, e integrantes preocupados em nunca deixar morrer a característica principal do conjunto.
Essa formação deu um verdadeiro show dia 5 de dezembro de 2009, na casa das Rosas na Avenida Paulista 37, um sábado inesquecível para quem foi até lá assistir. Onde se dividiu jovens atentos e extasiados com o que viam e ouviam, e dançavam mostrando que o samba não acaba nunca, e estávamos três dias depois do dia do samba, comemorado dia 2 de dezembro. Já os veteranos acostumados a ver e ouvir, ficavam quietos somente ao final de uma musica é que se manifestavam, aplaudindo. O conjunto que mostrou publicamente uma novidade que não tinha até poucos anos antes, que foi um tecladista e um baterista, o que aumentou o conjunto a sete musicistas.
O mais novo participante do conjunto é o Ricardo Cassimiro Rosa, o quarto da família Rosa. Neto de Arnaldo, filho de Sergio e sobrinho de Claudio. Diz que participar do conjunto é um sonho que tenho desde pequeno e hoje, estar ao lado desses “feras” é maravilhoso, não tenho palavras pra explicar. Lembro sempre do apoio de meu avô, Arnaldo, quando com um sorriso no rosto, ao me ver tocar, ele dizia: “Esse menino leva jeito pra coisa!”. Ele e meu pai são meus maiores ídolos e exemplos em minha vida... Aprendi a tocar todos os instrumentos com eles, que sempre me incentivaram e me apoiaram. Espero não decepcioná-los nunca; me esforço para fazer com que o sonho do meu pai se realize: levar os Demônios da Garoa para os 100 anos de carreira sem interrupção, e para isso, sigo o exemplo deles me dedicando como sempre vi ambos fazendo: estudando música, instrumentos, ensaiando, etc. Me sinto honrado em poder fazer parte deste conjunto e desejo aprender tudo o que esses diabinhos de cabelos brancos ainda tem pra me ensinar.
Essa formação deu um verdadeiro show dia 5 de dezembro de 2009, na casa das Rosas na Avenida Paulista 37, um sábado inesquecível para quem foi até lá assistir. Onde se dividiu jovens atentos e extasiados com o que viam e ouviam, e dançavam mostrando que o samba não acaba nunca, e estávamos três dias depois do dia do samba, comemorado dia 2 de dezembro. Já os veteranos acostumados a ver e ouvir, ficavam quietos somente ao final de uma musica é que se manifestavam, aplaudindo. O conjunto que mostrou publicamente uma novidade que não tinha até poucos anos antes, que foi um tecladista e um baterista, o que aumentou o conjunto a sete musicistas.
O mais novo participante do conjunto é o Ricardo Cassimiro Rosa, o quarto da família Rosa. Neto de Arnaldo, filho de Sergio e sobrinho de Claudio. Diz que participar do conjunto é um sonho que tenho desde pequeno e hoje, estar ao lado desses “feras” é maravilhoso, não tenho palavras pra explicar. Lembro sempre do apoio de meu avô, Arnaldo, quando com um sorriso no rosto, ao me ver tocar, ele dizia: “Esse menino leva jeito pra coisa!”. Ele e meu pai são meus maiores ídolos e exemplos em minha vida... Aprendi a tocar todos os instrumentos com eles, que sempre me incentivaram e me apoiaram. Espero não decepcioná-los nunca; me esforço para fazer com que o sonho do meu pai se realize: levar os Demônios da Garoa para os 100 anos de carreira sem interrupção, e para isso, sigo o exemplo deles me dedicando como sempre vi ambos fazendo: estudando música, instrumentos, ensaiando, etc. Me sinto honrado em poder fazer parte deste conjunto e desejo aprender tudo o que esses diabinhos de cabelos brancos ainda tem pra me ensinar.
Um dos primeiros LPs, gravados, este é da gravadora Chantecler, que levou o titulo de Vila Esperança nome de uma das musicas das composições que o conjunto gravou. Na foto, Toninho, Ventura Ramires e Claudio Rosa. abaixo Canhotinho e Arnaldo Rosa.
Junto do Mestre Adoniran Barbosa, estão: Canhotinho, Toninho, Ventura Ramires, Claudio Rosa e Arnaldo Rosa. Anos 1960.
Ernesto Paulela, doi o que inspirou a musica, samba do Anesto, uma das primeiras composições de Osvaldo Molles, em "parceria" com Adoniran Barbosa.
Junto do Mestre Adoniran Barbosa, estão: Canhotinho, Toninho, Ventura Ramires, Claudio Rosa e Arnaldo Rosa. Anos 1960.
Ernesto Paulela, doi o que inspirou a musica, samba do Anesto, uma das primeiras composições de Osvaldo Molles, em "parceria" com Adoniran Barbosa.
Sérgio Rosa, mais conhecido como Serginho, filho de Arnaldo Rosa. Toca pandeiro e afoxé, instrumentos que aprendi a tocar com meu tio Cláudio e meu pai Arnaldo. Está no conjunto desde 1987.
Ricardo Cassimiro Rosa, filho de Sergio Rosa, mais conhecido como Ricardinho, ingressou no conjunto no ano 2000, antes do falecimento do seu avô Arnaldo Rosa ocorrido em fevereiro desse ano, no conjunto toca percussão, mas domina muitos outros.
Sydnei Cláudio Thomazzi, mais conhecido como Simbad, toca instrumentos de corda, mas seu preferido é o violão. Ingressou no conjunto em 1989, e não faz mais parte do conjunto, sendo substituido, por Dede(violão)
Roberto Barbosa, mais conhecido como "Canhotinho", que toca como ninguém seu cavaquinho. Ingressou no conjunto em 1962, mas afastou-se por alguns anos para tentar carreira solo, e retornou em 1999, permanecendo até hoje.
Izael Caldeira da Silva toca timba e percussão. Ingressou no conjunto em 1981, saiu em 1984 para tentar carreira solo e retornou em 1999.
Apresentação do conjunto na Casa das Rosas dia 5 de Dezembro de 2009, que encheu os olhos das centenas de pessoas que lotaram o quintal da casa mais florida da Avenida Paulista nº 37, preservada por uma empresa que construiu um prédio no fundo do terreno, deixando a frente do casarão construído pelo escritório de Ramos Azevedo no inicio do século XX, e se tornou um local de muita cultura. Musica, poesia, sarau, e a biblioteca Haroldo de Campos onde esta todo o acervo desse escritor.
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