...............Campanha presidencial de 1950, Anhangabau São Paulo, Getulio atraia multidões

Estávamos no ano de 1954, eu com 15 anos estudava na escola SENAI Roberto Simonsen do Brás. Aquele ano estava muito conturbado com a política efervescente com Carlos Lacerda querendo a todo custo tirar Getulio Vargas do poder. Até então tudo corria bem, Getulio governava inaugurava obras.

Filho de getulistas estava o par de tudo o que vinha acontecendo através da leitura de jornais e ouvinte assíduo de radio. No caminho da escola passando pela Praça da Sé, eu ia lendo todas as manchetes de jornais colocados nas bancas e dava uma desfolhada nas paginas mesmo com a cara feia dos jornaleiros.
A coisa no palácio do Catete estava cada vês mais complicada, e a crise política ia ficando insustentável com Getulio se defendendo como podia da acusação de ter mandado matar o major Rubens Vaz. Eu acompanhava pelo radio e torcia para acabar tudo bem, pois Getulio já tinha sido deposto em 1945, e seria uma desmoralização ser deposto novamente.
Quando deu, nove horas que era à hora do café, o diretor da escola senhor Paes de Almeida, ligou o microfone do teatro que era a continuação do refeitório e anunciou que a aula estava suspensa naquele dia devido ao infausto acontecimento. Todos já sabiam do que tinha acontecido no Rio de Janeiro onde ficava a sede do governo. Em vês de tristeza viram-se fisionomias alegres por não ter aula aquele dia, e também foi anunciado que no dia seguinte dia do enterro não haveria aula também. Reunidos no refeitório o diretor disse para todos ir direto para casa, pois poderia haver distúrbio, de Getulistas fanáticos.Foi a mesma coisa que dizer. Vão e façam muita farra: Aquele dia 24 de agosto de 1954 era uma terça feira já ensolarada às nove horas da manhã, os estavam bondes cheios quando deveria ser calmaria nos coletivos se ouvia uma gritaria com alguém dizendo vivo o Getulio que nos proporcionou um dia de folga. O radio divulgava boletins de meia em meia hora com noticias do Rio de Janeiro com o congresso em confusão onde o nome do jornalista Carlos Lacerda sendo dito como o culpado do triste acontecimento. Quando voltamos às aulas o Waldomiro estava triste por voltar ao “batente” e dizia com ar de tristeza: “Puxa, bem que o Getulio podia se matar de novo!”
O revolver usado pelo presidente, para o tresloucado gesto.
O mês de agosto estava fadado a ser o mês do desgosto, porque um ano depois, coisas tristes ainda aconteciam. Minha mãe me mandou ir à hora do almoço levar meu irmão na Rua Martins Fontes para ele tirar carteira de menor, e depois levá-lo no Clemente Ferreira na Rua da Consolação para tirar chapa do pulmão. Ele trabalhava na Casa da Bóia Rua Florêncio de Abreu, enquanto ele não saia para a hora do almoço eu estava num banco da Praça da Sé, com meio filão de pão com mortadela e um guaraná, mandando goela abaixo. A meu lado uma banca de jornal com o exemplar do jornal A HORA, mostrando a manchete com o que tinha acontecido no dia anterior. Morreu Carmen Miranda, era o dia 6 de Agosto de 1955.
Dias depois outra manchete estava nas primeiras paginas dos jornais. Café Filho, deixa o governo, saiu licenciado por “motivo de doença”, assumindo a presidência da Republica o presidente da câmara deputado Carlos Luz, que ficou apenas dois dias, pois um golpe estava sendo articulado entre ele, Carlos Lacerda e a turma da UDN (União Democrática Nacional) que foi descoberto pelo general Teixeira Lott. Pronto outra noticia que ia mexer com a vida de todos nos na escola. Novamente passando pela Praça da Sé as manchetes mostravam Presos todos da Republica do galeão. O golpe estava montado, e foi desmontado pelo general Teixeira Lott. Daí pra frente o presidente do Senado Nereu Ramos assumiu o poder até a posse de Juscelino Kubitschek que já tinha sido eleito um mês antes.
Nas duas horas de almoço quando funcionava o serviço de alto falantes que tocava musica e dava noticias das atividades da escola e, noticias advinda do radio ou jornais eram transmitidas nas duas horas de almoço e lazer dos alunos da escola naquele horário. O prefixo musical da programação diária era Paris Belfort. A situação política estava ficando cada vês mais feia e a cada noticia a ser dada vinha com aquele prefixo musical.
O golpe já estava fechado, quando o general Lott resolveu dar um fim na coisa, e outro dia de confusão também na escola, agora era a hora do café da tarde, quando novamente o diretor Paes de Almeida dispensou os alunos recomendando que todos fossem para casa sem parar no caminho. Foi a mesma coisa que dizer fique a vontade. Quando o bonde apinhado de alunos nos bancos e, nos estribos abarrotados de gente deu uma parada no Parque Don Pedro II, aconteceu à desobediência por parte dos alunos. Naquele local tinha um quartel do exercito com os praças fazendo trincheiras. Pronto: Aguçou a curiosidade de todos e o bonde ficou quase vazio. Os praçinhas cavavam o solo gramado fazendo uma valeta formando um circulo. Na verdade uma verdadeira burrice, pois se sabia que nada de mais aconteceria, e estavam estragando um lindo gramado onde a gente jogava bola, feita de crina e algodão na oficina de tapeçaria da escola. O jogo era sempre na hora do almoço ou às quatro horas da tarde onde o jogo só acabava quando estava escurecendo ou quando ela, a bola caia no Rio Tamanduateí.
Os anos 1950 deixaram muita saudade, outros iguais nunca mais.
A Carta Testamento
"Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão direito de defesa. (...) Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais posso vos dar a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. (...) Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História."



Elegante e imponente, o Oberdan era um empreendimento da Sociedade Italiana Leale Oberdan e posteriormente foi vendido para a Empresa Teatral Paulista. O Oberdan foi um cinema que impressionava pelo luxo em suas escadarias, na sala de exibição, no hall e principalmente em sua fachada. No seu interior, o teto era decorado com azulejos portugueses, haviam estátuas decorando o hall e sua cúpula era muito semelhante a do nosso Teatro Municipal. O nome da sala, é uma homenagem ao anarquista italiano Guglielmo Oberdan, cujo busto ainda é encontrado na fachada lateral do velho cinema.
O que os proprietários do cinema não poderiam imaginar é que 11 anos depois de sua inauguração a sala seria palco da maior tragédia infantil de São Paulo, e que seria palco de mudanças nas regulamentações das salas de cinema de São Paulo, a Tragédia do Cine Oberdan. A matinê do dia 10 de abril de 1938 não exibia um filme de terror, mas as cenas que foram vistas naquela tarde dentro do cinema, com certeza serviriam de roteiro para os típicos filmes-catástrofes. A sessão estava lotada, boa parte por crianças, e na tela era exibido o filme “Criminosos do Ar”. Já estava quase no final do filme, quando uma cena mostra dois aviões chocando-se no ar. Foi neste momento que alguém na plateia gritou “FOGO!”, provavelmente em alusão ao filme e que foi o estopim para que iniciasse uma correria desesperada para fugir da sala (* esta é a versão oficiosa, veja a versão da polícia para o incidente logo abaixo). A correria e o pânico tomou conta da enorme sala de cinema, que comportava 1600 pessoas. Apesar da sala ser assim grande, suas saídas não eram pensadas para situações de pânico e as saídas rumo ao hall se davam por duas estreitas escadarias. Não demorou para que crianças desesperadas fossem correndo para estas escadas, juntamente com adultos. Nesta hora, não houve cavalheirismo e nem gentilezas, foi um salve-se quem puder frenético. E o que aconteceu em poucos minutos foi um massacre ocasionado pelo pânico.
Até que percebessem que o alarme era falso, foram momentos de total loucura. Crianças se atiravam pelas escadarias tentando fugir do suposto fogo, mas eram ultrapassados por adultos que, mais fortes, tomavam a dianteira. Sapatos, chapéus, carteiras, tudo era deixado para trás. Quando o socorro chegou ao local, a cena encontrada na porta do cinema era de um horror inimaginável. Inúmeras pessoas feridas pelo chão, muito sangue e um amontoado de cadáveres de crianças que não conseguiram correr e foram pisoteadas.
Protocolo de comunicação telefônica com detalhes do ocorrido (clique para ampliar). Imediatamente após a tragédia, o cinema foi interditado e a polícia iniciou uma grande perícia no local aproveitando para interrogar alguns dos sobreviventes. Foi aqui que apurou-se um outro fato que talvez tenha levado ao pânico e aos gritos de “fogo!”. A verdadeira versão para a tragédia: Sempre que se pesquisa sobre a trágico acontecimento do Cine Oberdan, a razão do grito de fogo e o pânico que desencadeou-se em seguida sempre é atribuída à cena do filme onde há o choque de aviões no ar. Esta versão, no entanto, é equivocada. A polícia conseguiu apurar os fatos com rigor e descobriu que tudo começou devido a uma diarreia. 
Famílias destruídas:
Na tragédia do Cine Oberdan morreram 31 pessoas. Destas, 30 eram crianças. A única pessoa adulta a falecer no terrível incidente do Brás foi uma mulher chamada Maria Pereira. A história da morte desta mulher é um caso de uma mãe que instintivamente fez de tudo para salvar um filho da morte. Ela estava no cinema junto de sua pequena filha de colo, chamada Joanna. Quando começou a correria ela também tentou fugir mas foi derrubada próxima das escadarias do cinema. Para que sua filha ainda bebê não morresse esmagada ela ficou curvada no chão protegendo sua filha sob seu corpo. Maria Pereira, mãe de sete filhos, morreu esmagada, mas conseguiu salvar a pequena “Joaninha”.
Como o fato deu-se numa matinê, muitas das crianças que morreram eram das vizinhanças. Era rápido e fácil chegar ao cinema, veja abaixo a relação dos mortos do Oberdan e onde eles moravam: Francisco Trento (13 anos) – Endereço: rua Claudino Pinto, 167 Walter Pricoli (12 anos) e Pedro Pricoli (8 anos) – rua Maria Joaquina, 90 Nelson Paulo de Souza (10 anos) – rua Oriente,599 Waltova Gonçalves (17 anos) – rua Carlos de Campos, 82 Apparecido Bertolato (15 anos) – rua Müller ,23 Waldermar Silva (11 anos) – rua Oriente, 567 Maria Pereira (45 anos) – Residia em Guarulhos Armando Vavá (8 anos) – rua Coronel Cintra, 67 Rubens (14 anos) – rua Coimbra, 43-B Mario da Conceição (16 anos) – rua Coimbra, 39 Ferdinando Machado (14 anos) – rua Coronel Machado, 105 Joaquim de Souza (13 anos) – rua Ricardo Gonçalves, 70 Salvador Aurungo (11 anos) – rua Visconde de Parnaíba 1993 Waldomiro Lima (12 anos) – rua Itaquera, 8 Nicolau (12 anos) – rua Almeida Lima, 171 Jayme (10 anos) – rua Rio Bonito, 22 José (14 anos) – avenida Celso Garcia, 1130 Antonio (10 anos) – rua Barão de Ladário, 270 Plácidio (9 anos) – rua Claudino Pinto, 167 Orlando (11 anos) – rua Rio Bonito, 58 Miguel (12 anos) – Travessa Particular, 12 Armando Alegre (15 anos) – rua Oriente, 31 Miguel Garcia (13 anos) – rua Durvalina, 6 José Moreno (11 anos) – rua Santa Rita, 382 Adelino Fontes (15 anos) – residia no bairro de Itaquera João Fontes (sem idade declarada) – residência desconhecida Antonio Bonifacio (13 anos) – rua Maria Carlota, 6 Milton Casale (12 anos) – rua Celso Garcia, 221 – casa 10 Enrico Mandorino - Dados desconhecidos






Ela conviveu com problemas cardíacos nos últimos dez anos de vida e já havia passado por duas cirurgias para a implantação de "stents" (próteses metálicas colocadas no interior das artérias coronarianas para a desobstrução do fluxo sangüíneo).




Era exibido filme de reportagens sobre as atividades de Getulio. Como sua estada em Natal (RN) ao lado do presidente dos estados unidos Franklin Roosevelt, assinando a escritura do terreno para a construção da base militar dos Estados Unidos.
Que dizia assim, no seu trecho inicial, BOTA O RETRATO DO VELHO OUTRA VEZ. BOTA NO MESMO LUGAR. EU JÀ BOTEI O MEU, E TU NÃO VAI BOTAR ? O SORRISO DO VELHINHO, FAZ A GENTE 

