quarta-feira, março 23, 2011

Ruth Correia Leite Cardoso
Ou simplesmente Ruth Cardoso nasceu na cidade de Araraquara estado de São Paulo, em 19 de setembro de 1930. Doutora em antropologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Ruth Corrêa Leite Cardoso foi pioneira no reconhecimento da emergência, na década de 1970, dos movimentos sociais que abrigavam minorias por questões de gênero, étnico-raciais ou de orientação sexual.
O trabalho da antropóloga pôs em pauta a pesquisa sobre esses movimentos no meio acadêmico brasileiro.
Ruth Cardoso formou-se pela USP em 1952. Lá desenvolveu a fase inicial de sua carreira acadêmica, foi lá que conheceu Fernando Henrique Cardoso, com quem se casou em 1953. Seis anos depois concluiu o mestrado e, em 1972, o doutorado, com a tese "Estrutura Familiar e Mobilidade Social: Estudo dos Japoneses no Estado de São Paulo". Sua vida universitária foi interrompida pelo golpe militar de 1964, que levou o casal ao exílio no Chile e na França.
Durante o exílio e depois dele, Ruth Cardoso atuou em instituições como Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso/Unesco), Universidade do Chile (Santiago do Chile), Maison des Sciences de L'Homme (Paris), Universidade de Berkeley (Califórnia) e Universidade de Columbia (Nova York). Foi também professora da Universidade de São Paulo e diretora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
Comunidade Solidária

Com a vitoria de Fernando Henrique para presidente se tornou a primeira dama do pais, titulo que ela fazia questão de ignorar. Nos oito anos em que esteve no poder ao lado do marido, dona Ruth - como passou a ser chamada - decretou o fim da LBA (Legião Brasileira de Assistência), entidade assistencialista, tradicionalmente presidida por primeiras-damas (título de que ela não gostava e preferia não assumir), chegou a não aceitar a intromissão de uma estilista que queria confeccionar seus vestidos.
Como resposta a estilista ouviu dela que preferia ficar com seu tailleur normal que ela adorava usar. Foi a primeira dama mais simples e adorada pelo povo.
Fundou e presidiu o Comunidade Solidária, que tinha como foco o fortalecimento da sociedade civil. Para garantir a continuidade dos programas gerados nessa entidade, criou a organização não-governamental Comunitas, em que permaneceu atuante até o fim da vida.Entre seus cargos de destaque, presidiu o conselho assessor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) sobre Mulher e Desenvolvimento, foi membro da junta diretiva da UN Foundation e da Comissão da OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre as Dimensões Sociais da Globalização e da Comissão sobre a Globalização.
Feminista declarada, a favor do aborto (que considerava uma liberdade feminina), apaixonada pela cozinha e, a princípio, contrária à carreira política de FHC (com quem não se mudou para Brasília quando ele trocou a universidade pela política em 1982), Ruth Cardoso defendia firmemente seu direto à privacidade. Considerava que dar publicidade a sua vida pessoal ou familiar era "misturar o público e o privado".

Doutora Ruth (como gostava de dizer seu marido) morreu de um infarto fulminante, no dia 24 de junho de 2008, aos setenta e sete anos de idade em sua residência, pouco depois de receber alta do hospital onde fora submetida a um cateterismo, dois dias antes.
Ela conviveu com problemas cardíacos nos últimos dez anos de vida e já havia passado por duas cirurgias para a implantação de "stents" (próteses metálicas colocadas no interior das artérias coronarianas para a desobstrução do fluxo sangüíneo).

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