A pista do Autódromo de Interlagos tinha quase oito quilômetros de extensão, (7.823 metros) ela tinha um miolo cheio de curvas que mais parecia um labirinto. Essas curvas tinham nomes gostosos de dizer como, a curva do Sol, o Pico de Pato, Mergulho, Laranjinha, a curva do lago, a do Sargento, Pinheirinho, a curva do S. E saindo do miolo iara para a parte externa da pista onde tinha a Junção, que era a que levava a reta de chegada. O autódromo tinha outra cara, era bem simples e rústico, no miolo a pista era rodeada de uma espécie de morro, que era onde a gente corria para os dois lados da pista para ver um carro que a gente gostava. Uma hora estava na reta de chegada e depois que passavam por ali, íamos do outro lado onde ficava a reta oposta. Tudo isso para ver uma baratinha que era chamada de Carreteira que em meio a carros de outra categoria se destacava chamando a atenção de muita gente. Não tenho muita certeza, mas parece que o piloto daquele “carrinho” era Cyro Cayres. Alem da carreteira, tinha a tal de Berlineta, que era pilotada pelo Luiz Antonio Greco Luiz Antonio Greco. Outros nomes da época eram Bird Clemente, Luizinho Pereira Bueno, Celso Lara Barberis, e Roberto Galucci. Como eu sempre morei na zona Sul da cidade de São Paulo estava sempre por lá fazendo minhas peripécias na pista. Da arquibancada dava para ver praticamente a pista inteira. Nos anos 1960 tivemos provas maravilhosas, Mil Milhas, 24 horas, 500 quilômetros de Interlagos, e muitas outras em forma de baterias. As marcas eram Sinca Chambord. DKW, Willys e Ford e Wolksvagen.
A prova que não esqueço nunca foi em 1957 quando os aficionados pela velocidade teve a satisfação de ver de perto o Penta campeão Mundial de Formula um, Juan Manuel Fangio, que junto ao grande campeão brasileiro Chico Landi, Celso Lara Barberis, Bird Clemente e o excepcional corredor gaucho Catharino Andreatta, tri-campeão das Mil Milhas brasileiras que davam muitas voltas na pistas e todos eles voltas atrás do Penta Campeão Mundial Campeão de formula um, o Argentino Juan Manoel Fangio, que com sua Masserati (caso minha memória não tenha falhado) deu um passeio na pista.
Os especialistas em corridas de automóveis diziam que Juan Manuel Fangio, não veio a Interlagos para correr e sim para passear, de tanto que ele se destacava na pista. Dava a impressão que ele não acelerava muito, era o carro que deslizava na pista. Outra corrida memorável de Interlagos se deu em 1959, num sábado ensolarado próprio para ir a um evento como aquele que, não sei se foi uma mil milhas, ou 24 horas de Interlagos.
Só sei que quando Celso Lara Barberis estava próximo à curva do laranjinha, uma roda do seu carro saiu e foi rolando numa velocidade grande quando bateu no Guard Hill ela subiu e foi parar em meio ao publico. A TV Record que transmitia tudo o quanto era corrida mostrava justamente aquele momento em que a roda caia em direção ao publico com muita gente correndo. Uma moça que permaneceu sentada levou a roda no peito morrendo instantaneamente. Depois veio a noticia que se tratava de uma moça de 19 anos que era a Miss Campinas.
Chico Landi numa de suas provas em 1951, e abaixo depois de uma de suas vitorias sendo cumprimentado pelos aficionados pela velocidade. Chico Landi foi um dos grandes corredores brasileiros cujo destaque foi da decada de 1940 até a de 60. Foi o maior nome do automobilismo brsileiro antes da chegada de Emerson Fittipaldi.
Atenção, vai ser dada a saida para uma prova de automobilismo no ano de 1948, o carro de Chico Landi esta no meio.
Numa prova das Mil Milhas no autodromo de Interlagos no inicio dos anos 1960, Chico Land estava à frente vencendo até com certa facilidade, ai veio à bandeira preta eliminando-o da prova. Motivo: sua lanterna trazeira estava apagada. Mesmo desclassificado da prova ele permaneceu na pista e terminou, embora não oficialmente com a vitoria. O Presidente das Emissoras Unidas Paulo Machado de Carvalho, em que a estação de radio e de TV transmitiam a corrida deu um premio em dinheiro ao nosso campeão da época.
Ao final dos anos 1960 já tínhamos novos nomes no automobilismo brasileiro, um deles era Wilson Fittipaldi Junior, filho de um cronista esportivo desse esporte que já no início da década de 60 tinha um programa esportivo às 12 horas na radio pan-americana falando de automobilismo em que os campeões eram Jin Clark tido como o, “escocês voador”. Wilsinho como era chamado tinha o sangue da velocidade nas veias, já que era filho de pai e mãe corredores de carros de corrida.
No inicio dos anos 1970 quando eu prestava meu trabalho no plantão esportivo da radio bandeirantes fui escalado para cobrir as provas de automobilismo em baterias que se realizavam em Interlagos já que os nomes brasileiros que estariam em ação eram os irmãos Fittipaldi, Wilson e Emerson, o segundo com menos nome.
Como a Radio Bandeirantes tinha o futebol como preferência, mas não podia deixar de lado um esporte que ganhava a mídia, eu recorri a alguém que podia me dar subsídios e foi para o criador do Plantão esportivo Narciso Vernizzi, da Jovem Pan, (antiga pan-americana), com quem trovava informações sobre todos os esportes, principalmente do futebol Argentino. Narciso, com com sua enorme educação, foi um autentico mestre de cerimônias já que ele assessorava Wilson Fittipaldi Pai, nas transmissões automobilísticas.
E ouvindo a transmissão que vinha de Interlagos levava o que ocorria no autódromo a João Zanforlin que estava ao microfone. A surpresa foi a vitoria de Emerson Fittipaldi, em uma bateria e com a soma de outras baterias. Numa prova que o Sueco Rony Peterson andou fzendo besteiras na pistas, numa das quais contra Emerson.
Logo depois veio a surpreendente noticia da vitoria de Emerson no campeonato mundial de formula um em 1970 dos estados Unidos substituindo o corredor Suiço Joe Rid, que havia falecido uma semana antes em Monza, quando seu carro Lotus se espatifou em meios aos pés de eucaliptos ao redor da pista. A vitoria de Emerson deu o titulo pos morte ao corredor Suiço.
Emerson se destacava e o autódromo de Interlagos que já estava sendo cogitado para ser uma das pistas que receberia as provas de Formula Um. Eram necessárias algumas reformas, e em 1972 tivemos a primeira prova de Formula Um em Interlagos, mas não valendo pontos para o campeonato. Emerson estava dando um passeio na pista e tudo fazia crer que ele ia vencer logo de inicio das corridas no autódromo que ele tanto conhecia, mas seu Lótus, Preta dourada quebrou e Carlos Reutman da Argentina foi o vencedor. Mas Foi nesse mesmo ano que Emerson foi campeão do mundo pela primeira vez.
Mas em 1973 foi realizada a primeira prova de Formula um valendo pontos ao vencedor no autódromo de Interlagos, teve como vencedor Emerson Fittipaldi, e em segundo Jack Stuart, que foi o campeão desse ano. Em 1974 Emerson, voltaria ser novamente campeão mundial de formula um.
Não sei porque o grande premio Brasil de Formula um foi para o autódromo de Jacarepaguá no Rio de Janeiro, e depois grande reforma do nosso autódromo e, a partir daí as provas de formula um ficou por aqui e acho que não sai mais.
Mário Lopomo (mlopomo@uol.com.br)
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